Das 546 cirurgias realizadas, a maioria foi para correção de catarata, possibilitando que muitos indígenas do Estado voltassem a enxergar
Quase 5 mil consultas, 546 cirurgias, 10.390 procedimentos diversos nas áreas de ginecologia, oftalmologia, odontologia e em exames complementares, doação de 418 óculos. O balanço final da 41ª Expedição da Saúde demonstra o êxito da ação realizada na Aldeia São José, município de Montes Altos (MA), entre os dias 7 e 18 de setembro. A iniciativa é apoiada pelo Programa Sesai em Ação – Saúde Indígena Brasil Adentro, uma parceria entre a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai/MS), a organização não-governamental Expedicionários da Saúde (EDS) e o Ministério da Defesa.
Das 304 cirurgias oftalmológicas realizadas, a maioria foi para correção de catarata, problema que já tinha levado muitos indígenas da região a perder a visão por completo. “Meu padrasto estava há três anos na fila de espera e já tinha deixado de enxergar; ele ficou muito alegre quando abriu os olhos e começou a ver tudo de novo”, disse o cacique João Grossar Xyjcry Krikati, liderança da Aldeia São José, uma comunidade de cerca de 1,1 mil pessoas, mas que durante 11 dias acolheu indígenas de todo o Estado do Maranhão que precisavam dos atendimentos oferecidos na localidade.
Entre as pessoas atendidas pelos voluntários que atuaram na aldeia, o caso mais comovente foi o de quatro crianças – de 2, 6, 7 e 10 anos – que tinham catarata congênita e voltaram a enxergar após se submeterem ao procedimento cirúrgico. “Ajudar o irmão que precisa de tratamento é mais que oferecer tratamento de saúde, é uma ação humanista”, destacou o assessor indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Maranhão, Lourenço Krikati.
Ao visitar a Aldeia São José, no dia 13 de setembro, o secretário Especial de Saúde Indígena, Marco Antônio Toccolini, destacou o alto nível técnico dos profissionais voluntários da EDS. “Pude conferir isso nas quatro expedições que acompanhei; ações como essa devem continuar, porque trazem muitos benefícios para as comunidades atendidas”, defendeu Toccolini, que se disse feliz por levar a ação para a aldeia “onde nasceu o Toccolini indígena”. Entre 2010 e 2012, Toccolini esteve à frente das negociações com o povo Krikati para a construção da MA-280, rodovia estadual que passa pela terra indígena, que resultou em uma série de benfeitorias para a população local, como a construção de posto de saúde, escola, passarelas para pedestres e galerias para passagem de animais, além de apoio à produção agrícola da comunidade.
A ação na Aldeia São José envolveu 100 trabalhadores do DSEI Maranhão, 80 voluntários da EDS, em sua maioria médicos, e cerca de 80 militares do Exército Brasileiro, além do apoio de indígenas, tanto nas obras para garantir a infraestrutura necessária ao evento, como também ao longo da Expedição, contribuindo no preparo dos alimentos e como intérpretes para os indígenas que não falam português. “Sem vocês, não teríamos conseguido fazer nada disso”, atestou a coordenadora da EDS, Marcia Abdala.
O presidente e fundador da ONG, o médico Ricardo Ferreira também agradeceu o empenho dos indígenas, enfatizando ainda que só uma parceria como a firmada entre a EDS e o governo brasileiro pode assegurar uma operação como a realizada na Aldeia São José e em outras terras indígenas brasileiras. Também visitando a aldeia, o representantes da Organização Pan-Americana da Saúde, Bernardino Vitoy, disse que é sempre uma satisfação “testemunhar ações que mudam a vida das pessoas”. Referindo-se aos voluntários da EDS, disse que profissionais como estes “engrandecem o SUS (Sistema Único de Saúde)”.
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