Falta de assistência médica também levou à morte de 111 indígenas no total no ano passado
RFI
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Os suicídios nas comunidades indígenas no Brasil aumentaram 56% em 2023 em comparação com 2022. No ano passado, foram registrados 180, ante 115 no ano anterior.
Os assassinatos de indígenas e a mortalidade infantil em suas comunidades também aumentaram, de acordo com um estudo publicado na última segunda-feira (22). No seu relatório anual, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ligado à Igreja Católica, relata uma deterioração geral da situação desses povos.
A falta de assistência médica também levou à morte de 111 indígenas no total no ano passado, afirma ainda o estudo, quase o triplo de 2022, que registrou 40 óbitos com esta causa.
A Cimi indica também que 1.040 crianças menores de quatro anos morreram em 2023 de gripe, pneumonia, diarreia ou infecções intestinais e desnutrição, particularmente nos estados de Roraima e Amazonas, na fronteira com a Venezuela. O número é 24,5% superior ao de 2022, quando foi de 835 mortes.
No total, 208 indígenas foram assassinados no Brasil em 2023, o que representa 15,5% a mais que em 2022 (180), segundo o Cimi. Os autores, que atribuem alguns deles a grupos ligados ao agronegócio, indicam que a maior parte desses assassinatos foi cometida com armas de fogo, muitas vezes após ameaças.
O estudo também critica a “fiscalização insuficiente” das invasões de territórios habitados por indígenas em 2023, primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A organização também lamenta o lento progresso na demarcação de terras pertencentes a povos indígenas, “bloqueadas” sob o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), descrito como “abertamente anti-indígena”.
Em setembro de 2023, o STF (Supremo Tribunal Federal), em julgamento histórico, confirmou o direito dos povos originários às suas terras, mas, desde a volta de Lula ao poder, um número “insuficiente” de reservas foi criado, segundo os povos indígenas que se mobilizaram em abril para exigir o respeito pelos seus direitos às terras.
Crise humanitária declarada em 2023
Em janeiro de 2023, as autoridades declararam um estado de “crise humanitária” nesta região, de onde começaram então a expulsar milhares de mineiros ilegais, cuja atividade polui os rios com mercúrio e, portanto, ameaça a sobrevivência das comunidades indígenas.
Por fim, os autores do estudo consideram também que a falta de saneamento e de água potável foi “agravada pela crise climática, que provocou inundações em diversas regiões do país e uma grave seca na região da Amazônia“.
Com informações da AFP
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