OMuseu do Índio lançou o Dicionário Multimídia Taurepang, resultado de um trabalho de pesquisa linguística que vem sendo desenvolvido desde 2017, envolvendo representantes da etnia e pesquisadores do Projeto de Documentação de Línguas Indígenas (Prodoclin).
Com uma população aproximada de 800 pessoas no Brasil, os Taurepang habitam a região fronteiriça entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana. Na Venezuela, onde se encontra a maior parte da população, são chamados Pemon. A língua Taurepang, como é conhecida no Brasil, pertence ao ramo venezuelano da família linguística Karíb, mais especificamente ao subgrupo Pemoniano.
Não há dados estatísticos oficiais em relação ao número de falantes, porém a língua está presente no cotidiano e em diversos contextos comunitários, havendo crianças monolíngues em taurepang, demonstrando que a transmissão intergeracional permanece saudável.
Para apresentação do dicionário à comunidade, foi realizado um lançamento na comunidade Sorocaima I, situada na Terra Indígena São Marcos, em Roraima. O evento contou com a presença dos tuxauas (lideranças) Sandoval Flores e Astromarino Flores, do presidente da Associação Taurepang de Sorocaima I, Manoel Flores, e de cerca de 50 comunitários, que se mostraram muito receptivos. Empolgada com o primeiro dicionário virtual e multimídia de sua língua, a comunidade organizou uma festa e fez um bolo temático alusivo à publicação.
Na ocasião, a linguista Ana Carolina Ferreira Alves, coordenadora da pesquisa, promoveu uma oficina para capacitar os participantes a consultar e utilizar a plataforma Japiim, que hospeda todos os dicionários produzidos pelo Museu do Índio. A plataforma também oferece versões em PDF para impressão e no Google Play podem ser baixadas versões em aplicativos de alguns dicionários.
O Prodoclin é coordenado pelo Museu do Índio no âmbito do Projeto “Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural dos Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente Contato na Região Amazônica”, uma cooperação técnica internacional entre o Museu do Índio/Funai e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), visando a salvaguarda de línguas originárias ameaçadas.
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