AFundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) inaugura no dia 11 de julho, em Goiânia (GO), o Centro Audiovisual (CAud). Trata-se de uma moderna estrutura que será gerida pelo Museu Nacional dos Povos Indígenas, órgão científico-cultural da Funai. A abertura acontecerá às 16h no Setor Pedro Ludovico. A inauguração contará com uma programação que vai até o dia 13 de julho.

A nova unidade funcionará como um centro de formação indígena e um polo irradiador das expressões artísticas e produções audiovisuais contemporâneas dos povos indígenas. 

O objetivo é oferecer formação continuada e complementar a estudantes e profissionais indígenas em novas técnicas de produção e edição de mídias digitais. 

Também serão exibidos produtos artístico-culturais produzidos por indígenas. Será uma oportunidade de acesso da população de Goiás à diversidade e riqueza cultural a partir da perspectiva de cada povo. Serão oferecidos cursos presenciais e no formato EaD (Educação a Distância) para atender a demanda de estudantes de todo o país.Foto: Divulgação/Museu Nacional dos Povos Indígenas

Museu dos Povos Indígenas

Desde sua criação, em 1953, o Museu custodia diversos registros audiovisuais relativos aos povos indígenas. O antropólogo Darcy Ribeiro, fundador do órgão, sempre viu nesses registros o potencial  para desconstrução de estereótipos e combate a preconceitos. Agora, com a abertura do CAud, essa missão de salvaguarda e valorização é ampliada. 

Estrutura física e técnica 

O CAud ocupa um imóvel que abrigou anteriormente uma unidade descentralizada da Funai. As obras começaram em 2012 para reforma da estrutura física. As intervenções foram concluídas em 2019, mas o CAud permaneceu fechado devido a entraves burocráticos relativos, principalmente, à regularização do imóvel na Prefeitura de Goiânia. 

Com a regularização, o local agora vai poder funcionar como espaço cultural com uma estrutura física e técnica que dispõe de estúdio; auditório com capacidade para 153 pessoas, destinado à realização de eventos e projeção multimídia; centro de exposições com 475 m² equipado com miniauditório; e instalações para abrigar loja de artesanato e lanchonete. O centro conta ainda com equipamentos para edição e transmissão de vídeo; gravação de áudio e drone para filmagens dinâmicas.Foto: Divulgação/Museu Nacional dos Povos Indígenas

O espaço foi planejado para receber festivais de cinema de médio porte com curadoria ou temática indígenas, exposições de artes indígenas, apresentações e workshops de cinema e fotografia étnicos, pintura indígena, lançamentos de produtos culturais e eventos educativos e de formação profissional. 

No período em que ficou impossibilitado de abrir as portas, o CAud promoveu diversas oficinas online de audiovisual com instrutores indígenas. 

Programação

A abertura do evento, no dia 11, contará com a exposição “Xingu: Contatos”, idealizada pelo Instituto Moreira Salles (IMS). A mostra aborda a história das imagens no território indígena do Xingu, com ênfase na produção audiovisual indígena contemporânea. A exposição reúne cerca de 150 itens, incluindo filmes e obras de artistas indígenas produzidos especialmente para a exposição. 

Também serão exibidas fotografias e matérias de imprensa, entre outros documentos que tratam da trajetória da região, do século XIX aos dias de hoje. Na exposição, as imagens históricas serão colocadas em diálogo com a produção contemporânea indígena, em busca de novas leituras e perspectivas.Foto: Divulgação/Museu Nacional dos Povos Indígenas

A equipe de curadoria é formada pelo cineasta Takumã Kuikuro, diretor de documentários como “As hiper mulheres” (2011), pelo jornalista Guilherme Freitas, editor-assistente da “Serrote”, revista de ensaios do IMS, e pela assistente de curadoria Marina Frúgoli. A mostra fica em cartaz até 13 de outubro.

Nos dias 12 e 13 serão promovidas rodas de conversa com comunicadores indígenas, e no dia 13 haverá contação de histórias com uma liderança do povo Kuikuro. Ao longo dos três dias de programação haverá apresentações culturais de povos xinguanos. 

Importância do audiovisual para os povos indígenas

Desde o final dos anos 1980, os povos indígenas vêm se dedicando à produção audiovisual como uma ferramenta de luta, ao retratar os conflitos que vivenciam, mas também de preservação da memória e divulgação de suas culturas, o registro de rituais, saberes tradicionais e manifestações artísticas e culturais. A atividade também é uma forma de atrair as novas gerações, por meio da tecnologia.Foto: Divulgação/Museu Nacional dos Povos Indígenas

Um grande incentivador da produção audiovisual dos povos indígenas foi o antropólogo Vincent Carelli. Ele criou o projeto Vídeo nas Aldeias em 1986 para fortalecer as identidades e os patrimônios territoriais e culturais indígenas. Com o trabalho, Carelli formou centenas de profissionais, entre cineastas, cinegrafistas e diretores. Muitos deles, atualmente, têm projeção internacional, como Takumã Kuikuro, um dos curadores da mostra “Xingu: Contatos”. 

“O audiovisual ajuda a mostrar o que está ocorrendo nas aldeias, a contar uma história e criar uma narrativa sob o olhar indígena, e não mais pelo olhar do branco. É uma ferramenta de estudo, de resgate de cultura”, destaca Takumã.

Serviço

Inauguração do Centro Audiovisual (CAud)

Data: 11, 12 e 13 de julho

Endereço: Alameda Leopoldo de Bulhões, quadra 3, lotes 1/4, Setor Pedro Ludovico, Goiânia (GO)

Abertura da Exposição “Xingu: Contatos”

Data: 11 de julho 

Visitação: até 13 de outubro de 2024

Local: Centro Audiovisual (CAud)

Endereço: Alameda Leopoldo de Bulhões, quadra 3, lotes 1/4, Setor Pedro Ludovico, Goiânia (GO)

Entrada gratuita

Horário de funcionamento: de terça a sexta (10h às 18h) e sábados e domingos (10h às 16h)

Quinta-feira (11/07)

16h – Inauguração do CAud com a palestra “Xingu: um território demarcado na terra e nas telas”

Palestrantes: Joenia Wapichana, presidenta da Funai, e Marcelo Matos, diretor do Instituto Moreira Salles

Comunicadores Indígenas: Akiaboro Kayapó, Wellington Tapuia, Warruká Carajá, Takumã Kuikuro, Guilherme de Freitas e Fernanda Kaingang

Sexta-feira (12/07)

18h – Roda de conversa: “Recontando os contatos: a experiência dos comunicadores indígenas”

Participantes: Takumã Kuikuro, Divino Tserewahu, Kamatxi Ikpeng e Kujaesage Kaiabi

Sábado (13/07) 

10h – Contação de histórias com Yamalui Kuikuro

15h – Roda de conversa – “Recontando os contatos: a experiência dos comunicadores indígenas”

Participantes: Piratá Waurá, Arewana Juruna, Bepunu Kayapo e Yamony Muriki Yawalapiti Kuikuro

Assessoria de Comunicação/Funai

Com informações do Museu Nacional dos Povos Indígenas

Fonte: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2024/goiania-tera-moderno-centro-de-audiovisual-para-preservacao-da-cultura-indigena

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