Na segunda (27), representantes de 5 organizações indígenas iniciaram negociações com Executivo sem presença de Lasso

Michele de Mello

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 28 de Junho de 2022 às 10:53

No Equador, a greve geral completa 15 dias sem acordos entre governo e organizações indígenas. Na manhã desta terça-feira (28), será retomada a mesa de diálogo entre o ministro de Governo, o presidente da Assembleia, a presidenta do poder eleitoral e representantes de cinco organizações indígenas, que iniciou na tarde de segunda (27). O presidente Guillermo Lasso não compareceu às negociações mediadas pela Igreja Católica.

As federações indígenas exigem redução de 40 centavos no valor dos combustíveis, congelando a gasolina a US$ 2,10 (R$10,90) e o diesel a US$ 1,50 (R$ 7,80). Também exigem a revogação do decreto executivo 95, que implementa a política de paridade de preços internacionais aos combustíveis – similar ao adotado pela Petrobrás -, e o decreto 151, que dá brechas para execução de mineração em territórios indígenas. Segundo a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), cerca de 80% das terras demarcadas aos povos originários estão sob ameaça da mineração. 

Na próxima rodada de negociações, que se inicia às 9h hora local (11h – horário de Brasília), o governo deve apresentar sua contraproposta. Segundo meios locais, o governo teria disposição de revogar o decreto 95 e irá apresentar emendas ao decreto 151 sobre a mineração. 

Na segunda-feira, Lasso anunciou um aumento de US$ 5 do Bônus de Desenvolvimento Humano pago a 1,5 milhão de famílias; suspendeu o estado de sítio em seis províncias; e anunciou a redução de 10 centavos de dólar no preço da gasolina (US$ 2,45 o galão de 4,5L) e do diesel (chegando a US$ 2,45 o galão), que no primeiro semestre do ano subiram 37% e 65% respectivamente. 

O presidente da Confederação Indígena, Leonidas Isa Salazar, ainda exige que nenhum líder social seja criminalizado pela greve e que o Estado detenha o “racismo e o ódio” contra o movimento indígena. Ainda exige a destituição do ministro do Interior Patricio Carrillo. Leonidas foi preso no segundo dia de manifestações, mas hoje responde processo em liberdade, tendo que se apresentar semanalmente à Justiça.  

A Conaie convocou uma manifestação no centro histórico de Quito, em frente à Basílica Voto Nacional, onde acontece as negociações.

Presidente na mira 

Diante do aumento da instabilidade política, o Executivo urge um acordo com o setor mobilizado. 

Nesta terça-feira (28), também se retoma a sessão parlamentar, que discute o pedido de destituição do presidente Guillermo Lasso. A proposta foi apresentada na última sexta-feira pela bancada da União pela Esperança (Unes). O partido Pachakutik, que preside a Assembleia Nacional, também declarou apoio ao impeachment, somando 72 votos. 

Alguns legisladores do partido Esquerda Democrática também disseram que irão votar pela destituição presidencial, totalizando 80 votos. Para destituir Lasso é necessário apoio de 92 dos 137 deputados. 

interesses e não o de suas bases”, declarou Lasso.

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El país ha sido testigo de todos los intentos que hemos tenido por dialogar pero no podremos hacerlo con quienes pretenden secuestrar la paz del Ecuador. ¡Eso no lo vamos tolerar! Hago un llamado a unidad y a la defensa de la democracia.pic.twitter.com/uw3OiylVaw — Guillermo Lasso (@LassoGuillermo) June 28, 2022

“O país é testemunha de todas as tentativas para dialogar, mas não podemos fazer isso com aqueles que pretendem sequestrar a paz do Equador. Não vamos tolerar! Faço um chamado à unidade e à defesa da democracia”, disse Lasso.

O mandatário disse que só voltará a negociar com novos representantes dos setores populares e ainda acusou o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), Leonidas Iza Salazar, de ser um “oportunista”. Iza Salazar foi detido por 24h no segundo dia de greve, acusado de interromper serviços públicos e agora responde um processo em liberdade provisória.

O presidente da Assembleia Nacional, Virgilio Saquicela (Pachakutik), assegurou que as negociações não estão perdidas e propôs uma nova reunião e outro formato de diálogo para as organizações indígenas. 

“Se não resolvemos através do diálogo, seguiremos com enfrentamentos amanhã. De maneira enfática digo que o diálogo continua”, declarou Saquicela. 

Em reposta, o líder da regional amazônica da Conaie, Marlon Vargas, advertiu “se hoje não se resolve isto vai virar um caos e o único responsável será o governo nacional, não nós, porque nós viemos”. 

“O governo rompe o diálogo, confirmando seu autoritarismo, falta de vontade e incapacidade. Responsabilizamos Guillermo Lasso pelas consequências da sua política belicista. Exigimos respeito para nosso máximo líder. Lasso não rompe com Leonidas, rompe com o povo”, destacou a Conaie.

A Conaie, que convocou a paralisação no dia 13 de junho com uma lista de dez reivindicações, agora propôs três pontos de discussão: conformar uma comissão independente que investigue o confronto em Shushufindi, que consideram ser um “ato de provocação”; garantias do fim das ameaças e da manutenção dos diálogos. 

As federações indígenas exigem a redução de 40 centavos no valor dos combustíveis, congelando a gasolina a US$ 2,10 (R$10,90) e o diesel a US$ 1,50 (R$ 7,80). Também exigem a revogação do decreto executivo 95, que implementa a política de paridade de preços internacionais aos combustíveis – similar ao adotado pela Petrobrás -, e o decreto 151, que dá brechas para execução de mineração em territórios indígenas. Segundo a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), cerca de 80% das terras demarcadas aos povos originários estão sob ameaça da mineração. 

Na segunda-feira, o presidente Lasso havia anunciado um aumento de US$ 5 no Bônus de Desenvolvimento Humano pago a 1,5 milhão de famílias; suspendeu o estado de sítio em seis províncias; e anunciou a redução de 10 centavos de dólar no preço da gasolina (US$ 2,45 o galão de 4,5L) e do diesel (chegando a US$ 2,45 o galão), que no primeiro semestre do ano subiram 37% e 65% respectivamente. 

Nesta terça-feira (28), também se retoma a sessão parlamentar, que discute o pedido de destituição do presidente Guillermo Lasso. A proposta de impeachment foi apresentada na última sexta-feira (24) pela bancada da União pela Esperança (Unes), alegando “grave crise política”. Para destituir Lasso, é necessário apoio de 92 dos 137 deputados, segundo meios locais equatorianos, a oposição já soma 80 votos.

Edição: Thales Schmidt

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2022/06/28/equador-retoma-mesa-de-dialogo-entre-governo-e-indigenas-para-suspender-paralisacao

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