Mais de dez comunidades indígenas nas regiões Surumu, Serra da Lua, Raposa, Baixo Cotingo, Amajari, São Marcos e Wai-Wai são beneficiadas com o projeto “reflorestamento”, destinado para construção de viveiros de plantas nativas e exóticas. Executado pelo Departamento de Gestão Ambiental e Territorial (DGTA) do Conselho Indígena de Roraima (CIR), com o apoio da Rainforest Foundation (USD), a iniciativa é alternativa para o enfrentamento do desmatamento causado por incêndios e exploração de madeiras.
O projeto, que existe desde 2021, segue a especificidade do lugar, respeitando o calendário próprio de cada região, como por exemplo, o período do plantio, coleta de frutos e sementes tradicionais.
Para a execução do projeto, os moradores têm participação efetiva na ação, com decisões sobre o que vão produzir. Por exemplo, mudas de árvores madeiráveis, horta medicinal e mudas frutíferas.
Viveiro de Mudas Comunidade Indígena Jauari, Região Raposa, T.I Raposa Serra do Sol
O engenheiro agrônomo, do povo Macuxi, Giofan Erasmo Mandulão, que atua no DGTA do CIR, explicou que, após as capacitações necessárias, cada comunidade fica responsável pela gestão do seu viveiro. “Para comunidade se vê ali dentro, ela doa a madeira, participa da produção. O departamento presta assistência técnica e do sistema de irrigação para que possa ter o ano todo produção de mudas”, explicou.
A estratégia é uma maneira de preservar e também fortalecer a autonomia dos povos indígenas que plantam espécie frutífera e legumes, e utilizam para o consumo, comercialização e até ajudam na renda da família.
As mudas nativas, por exemplo, têm um papel essencial na manutenção das matas ciliares, aquelas presentes nas margens dos igarapés. Além disso, auxilia na reconstrução de áreas e ecossistemas degradados.
Captação de água através de energia solar – Outro projeto que tem dado certo nas comunidades indígenas é a captação de água através de energia solar. Essa iniciativa tem o apoio da Agência Católica para Desenvolvimento (CAFOD), que visitou as comunidades no final de semana, 23 e 24.
O projeto piloto, implantado na comunidade Truaru da Cabeceira, localizada na região Murupu, município de Boa Vista, leva aos moradores água para consumo e produção sustentável como na irrigação de produtos, melancia, milho, mandioca e hortaliças em geral.
Painel de Captação solar para sistema de Captação de água, Comunidade Indígena Truaru
O sistema funciona por meio da energia solar, que consiste em oito placas e bombas d’água. O projeto de baixo custo iniciou em 2020, e fortalece a agricultura familiar indígena, como explica Giofan Mandulão, engenheiro agrônomo do departamento ambiental do CIR.
“O sistema fotovoltaico, não gera custo para quem está produzindo, não tem nenhuma cobrança em cima do que é gerado de energia, muito menos a água que é captada e vai para produção das famílias indígenas”, esclareceu.
O projeto de captação de água foi uma demanda da comunidade, e conforme a vice-tuxaua da comunidade, Franciele Costa trouxe benefícios para os agricultores, e agradeceu o apoio. “O sistema de irrigação está contribuindo aqui na comunidade. É gratificante receber o projeto e espero que amplie esse apoio aqui”, avaliou Franciele.
As ações são planejadas para que as futuras gerações também possam desfrutar de um ambiente sustentável e seguir o exemplo no cuidado com território. A expectativa é levar os projetos às demais comunidades indígenas do Estado.
Terra é vida, um bem essencial não só aos povos indígenas, mas para a humanidade. Lugar sagrado, fonte de alimento e de recursos naturais, como a caça, pesca, frutas e sementes tradicionais existentes nos territórios.
Para enfrentar a expansão do agronegócio, exploração ilegal de madeiras e outras invasões que afetam as terras indígenas, o CIR, tem executado projetos dessa natureza com o intuito de fortalecer a sustentabilidade, autonomia e organização social das comunidade indígenas em Roraima.
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