Indígenas da etnia pataxó protestam na frente do Palácio do Planalto, em Brasília – Pedro Ladeira – 17.jun.2021/Folhapress

Ministério dos Povos Indígenas planeja enviar comitiva ministerial ao extremo sul da Bahia

Ministério dos Povos Indígenas decidiu prorrogar, por 45 dias, as atividades do gabinete de crise voltado às comunidades da etnia pataxó do extremo sul da Bahia. Entidades familiarizadas com o caso afirmam estar em curso “uma situação de guerra de baixa intensidade” promovida por milicianos e fazendeiros.

Além da prorrogação do gabinete de crise, a pasta diz planejar o envio de uma comitiva ministerial ao estado, com a presença da ministra Sonia Guajajara, e a realização de uma agenda conjunta com o Governo da Bahia para discutir soluções para os conflitos que assolam o território.

As medidas são tomadas após uma queixa enviada à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. A iniciativa é da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) e de outras sete organizações e entidades.

A reclamação chegou à corte ainda nos primeiros dias do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com críticas que diziam respeito, em sua maioria, à gestão de Jair Bolsonaro (PL). Um novo ofício encaminhado no dia 24 deste mês, no entanto, classificou como “ineficiente” a atuação do atual Ministério dos Povos Indígenas e fez duras críticas à gestão da crise pelo Governo da Bahia.

“A situação de conflito encontra-se em enorme magnitude, sendo necessário, assim, um comprometimento de todas as esferas de governo, tanto federal e quanto estadual. No caso em tela, no entanto, não houve esse pacto consensual das esferas de poder em prol dos povos indígenas”, disseram as entidades à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos.

“A situação do povo pataxó, do sul da Bahia, agrava-se a cada dia, sem que novos conflitos e assassinatos de vítimas indígenas sejam evitados pelo Estado brasileiro, apesar de seu discurso em sentido contrário”, continuam.

De acordo com a Apib e com os demais signatários, os indígenas da região estariam insatisfeitos e inseguros com a atuação das forças locais de segurança, uma vez que policiais militares supostamente seriam pagos por fazendeiros para atacar as suas comunidades.

“Os caciques e lideranças pataxó têm reiteradamente solicitado o envio urgente da Força Nacional de Segurança Pública à região, inclusive em reuniões do gabinete de crise do Ministério dos Povos Indígenas, na crença de que ampliar a força-tarefa diminuirá a ousadia dos fazendeiros. Tais pedidos, no entanto, não foram atendidos”, reclamam.

“É preciso pontuar que cerca de 12.000 indígenas estão sendo atingidos pela violência que marca a região”, continuam. “As ações armadas vão desde impedimentos no direito de ir e vir, lançamento de bombas de gás lacrimogêneo, tiros de metralhadoras e pistolas automáticas contra imóveis, realização de despejos sem ordem judicial e outros.”

Em nota enviada à coluna, o Ministério dos Povos Indígenas afirma que solicitou o envio de agentes da Força Nacional à região de conflito e segue aguardando respostas do Governo da Bahia.

“O ministério também está trabalhando conjuntamente com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para a conclusão e assinatura da portaria declaratória da terra indígena Barra Velha”, afirma, citando um dos territórios afetados pelos conflitos.

Procurado pela coluna, o Governo da Bahia não respondeu.

A situação dos conflitos se arrasta desde meados do ano passado, o que resultou em mortes de indígenas na região. Em agosto, tiros foram disparados contra a Escola Indígena Pataxó Boca da Mata, onde havia cerca de 80 crianças.

O ex-governador João Doria recebeu convidados no lançamento de sua biografia, “João Doria – O Poder da Transformação”, escrita pelo jornalista Thales Guaracy. O evento foi realizado na Livraria da Travessa do shopping Iguatemi, em São Paulo, na noite de segunda-feira (27). O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) esteve lá. O padre Julio Lancellotti também compareceu.

com CLEO GUIMARÃES (interina), BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2023/03/governo-prorroga-gabinete-de-crise-em-meio-a-guerra-contra-pataxos-denunciada-por-entidades.shtml

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