Colômbia é apontado pela PF como possível mandante de mortes de indigenista e jornalista no AM

Bruna Fantti

RIO DE JANEIRO

A Justiça Federal no Amazonas concedeu liberdade provisória a Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, suspeito de envolvimento nos assassinatos do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips, em junho.

Ele estava preso por uso de documento falso, mas a Polícia Federal aponta a suspeita de ele ter sido mandante das mortes.

Apesar da decisão, Colômbia segue preso devido a outro mandado, por pesca ilegal e associação criminosa, que poderá ser revisto na próxima quarta-feira (12).

Ao jornal O Globo sua defesa disse que irá argumentar na audiência que ele possui residência fixa e ocupação lícita, como empresário do ramo da pesca.

A decisão revogando a prisão foi expedida na quinta (6).

“É verdade que a conduta do preso é lastimável. Ele criou esse problemão para si. Não foi o MPF [Ministério Público Federal] ou a PF. Não obstante isso, reafirmo: há documentos por onde se começar uma busca em caso de fuga”, escreveu o juiz federal Fabiano Verli, na decisão, referente à prática de documento de uso falso.

Durante as investigações, Colômbia se apresentou espontaneamente à Polícia Federal dizendo que tinha como objetivo esclarecer informações que estavam sendo divulgadas a respeito do nome dele e de sua relação com o crime e com o tráfico de drogas.

Na ocasião, ele apresentou um documento falso e foi preso. As investigações apontaram, depois, que ele era suspeito de envolvimento nas mortes. Em depoimento à PF, Colômbia negou qualquer participação no crime.

Ainda na decisão, o juiz determinou o pagamento de fiança no valor de R$ 15 mil, o comparecimento mensal à Justiça; permanecer em reclusão domiciliar; monitoração eletrônica; proibição de viagens para fora do Brasil; e entrega do passaporte.

“A pessoa liberada não é criança e deverá cumprir à risca as condições para este favor legal”, escreveu o juiz na decisão.

Bruno e Dom foram assassinados no começo da manhã de 5 de junho, quando trafegavam pelo rio Itaquaí, ao lado da terra indígena Vale do Javari, rumo a Atalaia do Norte (AM). A cidade é a mais próxima do território e fica na região de tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia. O crime teve como motivação a pesca ilegal na região, segundo a investigação.

Bruno era servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio) e atuava para a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), especialmente na estruturação de um serviço de vigilância indígena para fiscalização do território.

A Procuradoria denunciou os pescadores Amarildo Oliveira, o Pelado; Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha; e Oseney de Oliveira, o Dos Santos. A acusação é de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáveres. Eles seguem presos.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/10/justica-manda-soltar-suspeito-no-caso-bruno-e-dom-mas-ele-segue-preso-por-outro-crime.shtml

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