Centenas de jovens indígenas da etnia Haliti-Paresi buscam o acesso ao ensino superior em cidades próximas de suas aldeias já com um objetivo em mente: retornar à terra indígena para trabalhar, após a conclusão da faculdade, e aplicar o conhecimento adquirido em sua própria comunidade. A educação é defendida e tratada como prioridade pelas lideranças da Terra Indígena Utiariti, por isso, a tendência é de que o número de graduados continue aumentando na região.

São inúmeros exemplos de casos bem sucedidos nas aldeias localizadas próximas ao município de Campo Novo do Parecis (MT), agora com indígenas enfermeiros, médicos, engenheiros, professores, farmacêuticos, advogados, entre outras formações. Desde que o trabalho agrícola foi iniciado na região, aumentou a necessidade de profissionais capacitados para trabalhar nas lavouras.

“A gente sabia fazer o trabalho, mas fomos tornando o serviço mais profissional com a chegada dos graduados. Temos o Lúcio, que é engenheiro agrônomo; o Vilmar, engenheiro de produção. Em abril, vamos formar uma médica veterinária. São muitos que voltaram para as aldeias para trabalhar e outros que estão estudando para seguir o mesmo caminho”, destaca Genilson Kezomae, uma das lideranças da etnia na região.

O engenheiro agrônomo Lúcio Ozanazokaede é o primeiro indígena da etnia graduado nesta área pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Atualmente, é diretor da Cooperativa Agropecuária do Povo Indígena Haliti-Paresi (Coopiparesi) e lidera os trabalhos na lavoura, tanto no plantio como na colheita dos grãos. “Antigamente muitos de nós saíam das aldeias para trabalhar como empregados nas lavouras de fazendas da região, porque faltavam oportunidades e vagas de trabalho nas áreas indígenas. Conseguimos evoluir e mudar essa realidade por meio da lavoura e, hoje, a Cooperativa apoia os mais jovens que também querem sair para buscar uma qualificação, aprender coisas novas e depois trazer esse conhecimento de volta pra aldeia”, afirma Lúcio.

A médica Nalva Maizokaero atua há 4 anos na Terra Indígena Utiariti e conta que, atualmente, se sente realizada em poder praticar a medicina em sua comunidade. “Meu objetivo sempre foi retornar para trabalhar aqui nas nossas aldeias depois de formada, o período da faculdade foi difícil, assim como o começo dos atendimentos e das consultas. Alguns ficavam desconfiados por eu ser recém formada, mas isso logo foi superado. Hoje, nós cumprimos cronogramas quinzenais nas aldeias para prestar a assistência necessária”, afirma a médica formada pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

Aos 24 anos, Liliane Akenezokaeroce começou a estudar na Faculdade de Agronomia para seguir os passos do pai e trabalhar na lavoura. Durante a semana, ela frequenta a universidade no município de Tangará da Serra e só retorna para a aldeia aos finais de semana, momento em que reencontra os dois filhos pequenos. “Não é fácil a distância, passar a semana longe estudando, mas sei que vai valer a pena. A lavoura nos oferece novas oportunidades de emprego, então decidi me qualificar, me formar engenheira agrônoma, ainda são poucos formados nessa área por aqui. Quero trabalhar e garantir um futuro melhor aos meus filhos”, afirma Liliane.

Assessoria de Comunicação / FunaiCategoria

Educação e Pesquisa

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Fonte: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2022/nova-geracao-de-jovens-indigenas-retornam-as-aldeias-para-trabalhar-apos-conclusao-da-faculdade

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