• A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Instituto Mana apoiaram a iniciativa Corte Solidário, que contou com a participação de cabelereiras e cabelereiros refugiados da Venezuela que cortaram cabelo de forma gratuita, e também falaram sobre respeito à diversidade e aos direitos das mulheres e da população LGBTI.
  • A iniciativa fez parte dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, uma campanha anual e internacional da sociedade civil apoiada pelas Nações Unidas, que começa no dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, e vai até 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos. No Brasil, a mobilização abrange o período de 20 de novembro a 10 de dezembro.

Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Instituto Mana apoiaram a iniciativa Corte Solidário, que contou com a participação de cabelereiras e cabelereiros refugiados da Venezuela que cortaram cabelo de forma gratuita, e também falaram sobre violência de gênero.

A iniciativa fez parte dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, iniciativa da sociedade civil apoiada pelas Nações Unidas, que começa no dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, e vai até 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos. No Brasil, a mobilização abrange o período de 20 de novembro a 10 de dezembro.

Os números são alarmantes: uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual durante a sua vida. Apenas no ano passado, 243 milhões de mulheres e meninas, entre 15 e 49 anos de idade, sofreram esse tipo de violência por pessoas próximas, muitas vezes seus parceiros íntimos.

Os números divulgados pela ONU Mulheres mostram que qualquer estratégia para reverter essa situação passa pelo diálogo e engajamento. Neste sentido, venezuelanos e venezuelanas como Jesus Diaz, Joel Manuel Oronoz, Adonis Rojas, Roymerk Aleman e Natasha Valentina percorreram diversos espaços de acolhimento em Manaus não apenas para cortar cabelo de forma gratuita, mas para também falar sobre respeito à diversidade e aos direitos das mulheres e da população LGBTI.

Liderada por estas pessoas refugiadas, a iniciativa Corte Solidário visitou os espaços de acolhimento da Operação Acolhida (resposta governamental ao fluxo de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela ao Brasil), abrigos da sociedade civil e os gerenciados pela Prefeitura de Manaus e Governo do Estado do Amazonas para fortalecer a convivência pacífica, transmitir mensagens de proteção e fortalecer a autoestima das pessoas assistidas.

Respeitando as regras de prevenção à COVID-19, venezuelanos e brasileiros puderam, sem nenhum custo, fazer as pazes com a tesoura e ouvir histórias e mensagens de proteção e visibilidade de gênero e LGBTI. Tudo cortado e contado por voluntárias como Natasha Valentina, enfermeira venezuelana de 27 anos que chegou ao Brasil e hoje sonha em ter seu próprio salão de beleza no país.

“Estudei enfermagem, mas aprendi a cortar cabelo jovem com minha mãe e sempre gostei de fazer isso. Gosto de cortar, pentear, maquiar, sei fazer muita coisa como esteticista. Na Venezuela, cheguei a ter um salão. Quando o Instituto Mana me convidou para participar desta iniciativa, aceitei na hora. Não só para ajudar as pessoas a ficarem mais bonitas, mas porque também quero valorizar nossa mensagem, falar sobre o que é ser uma refugiada LGBTI, que precisamos ser respeitadas”, comentou a jovem refugiada, que já conseguiu emprego em salões de beleza na cidade.

O Corte Solidário foi uma das atividades dos 16 dias de Ativismo promovidas pelo ACNUR e seus parceiros que levaram mobilização e engajamento para espaços de acolhida, além de treinamento para atores locais públicos e da sociedade civil no Amazonas, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro. As atividades aconteceram entre 25 de novembro e 10 de dezembro, quando a iniciativa dos 16 Dias é ativada em todo o mundo.

“A atual pandemia aumentou os riscos existentes para mulheres e meninas deslocadas à força e apátridas, com a violência cometida por parceiros íntimos em ascensão. O ACNUR reforça seu compromisso em fortalecer mensagens de proteção entre a comunidade, promovendo ações e parcerias com outras agências das Nações Unidas e parceiros locais para assegurar que mulheres e pessoas de perfil LGBTI tenham seus direitos assegurados no Brasil”, reforçou o representante do ACNUR no Brasil, José Egas.

Mobilização indígena em Manaus, Belém e Pacaraima

Uma grande mobilização em prol da valorização da mulher Warao marcou as atividades dos 16 Dias de Ativismo promovidas pelo ACNUR e seus parceiros nos Estados de Amazonas, Pará e Roraima.

Em Manaus, diversas atividades para abordar de forma dinâmica a violência de gênero entre a população indígena refugiada Warao foram realizadas conjuntamente pelo ACNUR, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Organização Internacional para Migrações (OIM), Instituto Mana, Aldeias Infantis SOS e Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc).

Rodas de conversa com grupos de homens e mulheres foram organizadas para promover a construção da identidade da “Mulher Warao” e seu papel na sua comunidade. Crianças tiveram seu próprio espaço para desenhar, e uma sessão de cinema foi exibida para toda a comunidade. Na parte externa, torneio de futebol e vôlei eram a abertura para o evento principal: a tradicional dança indígena Warao realizada por mulheres e homens do abrigo, que foi encerrada com a leitura do manifesto “A importância da mulher Warao”, construído e apresentado pela própria comunidade.

Indígenas Warao dançam durante apresentação dos 16 Dias de Ativismo em no abrigo Tarumã-Açu 1, em Manaus. Espaço é gerenciado pelo município com apoio do ACNUR.
Indígenas Warao dançam durante apresentação dos 16 Dias de Ativismo em no abrigo Tarumã-Açu 1, em Manaus. Espaço é gerenciado pelo município com apoio do ACNUR.

Atividades também foram realizadas nos abrigos não-indígenas gerenciados pelo governo e sociedade civil, e no Posto Recepção e Apoio da Rodoviária de Manaus (PRA). Na Rodoviária, as beneficiárias participaram de conversas sobre legislação de proteção à violência baseada em gênero, e receberam apitos para autoproteção. ACNUR, Instituto Mana e UNFPA organizaram uma exposição de fotos no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, a partir de oficinas realizada com a comunidade LGBTI e outros grupos específicos.

Em Belém e Ananindeua, no Pará, voluntários indígenas da etnia Warao refugiados no Brasil iniciaram treinamento para multiplicar informações de proteção entre a população refugiada. Dentro da estratégia de Promotores Comunitários do ACNUR, estes voluntários participaram de diversos ciclos de formação, incluindo sobre violência de gênero. Foram identificadas instituições de proteção, orientações sobre quais são estes tipos de violência, programas públicos disponíveis de apoio e como acessá-los. A iniciativa é liderada pelo ACNUR, com participação da Delegacia da Mulher, a ONG Só Direitos, a Faculdade FIBRA e Aldeias Infantis SOS.

Em Pacaraima, sessões informativas sobre violência contra a mulher ocorreram no Abrigo Janokoida, exclusivo para refugiados e migrantes indígenas da Venezuela, além de sessões de cinema e rodas de conversa com foco no tema da violência de gênero. Também houve espaço para descontração, com torneios femininos de futebol e voleibol e até karaokê.

Atividades na fronteira do país

Em Boa Vista, foram realizados cursos de capacitação, incluindo uma formação para a rede local de assistência social e de segurança pública, que teve como foco fornecer capacitação sobre violência baseada em gênero, Lei Maria da Penha e atendimento humanitário em nível local. As formações foram realizadas por uma parceria entre ACNUR, UNFPA, Serviço Jesuíta de Apoio a Migrantes e Refugiados (SJMR) e Casa da Mulher Brasileira de Roraima.

O ACNUR também realizou, em parceria com ONU Mulheres e SJMR, uma formação com homens trabalhadores humanitários em Boa Vista. Intitulada “Valente Não é Violento”, a metodologia busca trabalhar masculinidades positivas, a paternidade ativa e engajar os homens na luta pelo fim da violência baseada no gênero.

A iniciativa com os trabalhadores humanitários busca não apenas a mudança pessoal de percepções, atitudes e comportamentos, como também sensibilizar mais aliados para trabalharem essas ideias na ponta, com refugiados, migrantes e comunidade de acolhida.

Em Pacaraima, sessões informativas sobre violência contra a mulher também ocorreram no Abrigo BV8, a partir de mobilização conjunta entre ACNUR e UNFPA, junto com rodas de conversa, sessões de esporte e outras diversas atividades com a população abrigada.

Brasília e São Paulo se engajam

Em São Paulo, a agenda de ações realizadas no âmbito dos 16 Dias de Ativismo apostou no digital: lives, rodas de conversas virtuais, reflexões sobre masculinidades e formações virtuais estiveram na agenda.

Podcast Vozes Femininas, produzido pela Cáritas Arquidiocesana de São Paulo em parceria com o ACNUR, abordou o tema da violência de gênero. Vários cards com dicas de filmes e leituras foram divulgados em alusão à campanha nas mídias sociais, e a cartilha “Enfrentamento à violência contra a mulher” também foi lançada.

Em Brasília, a equipe do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) realizou palestra e atividades voltadas ao tema junto às mulheres abrigadas na Casa de Passagem Raio de Luz. Na ocasião, elas receberam o apoio no âmbito do convênio entre ACNUR e IMDH.

No Rio de Janeiro foi realizada, dentre outras ações em redes sociais, a Oficina Instrumentalização de Mulheres para Ação de Multiplicação do Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres Refugiadas e Migrantes. A oficina foi desenvolvida e implementada pela ONG Criola em parceria com a Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro e com o apoio do ACNUR.

Dez mulheres refugiadas e migrantes foram mobilizadas para serem multiplicadoras no enfrentamento da violência contra as mulheres. A oficina contou com quatro encontros online e abordou a violência de gênero e suas intersecções com o racismo, sexismo e a LGBTQIfobias, oferecendo técnicas simples de acolhimento e orientação para que as mulheres possam oferecer suporte a outras mulheres.

Sobre os 16 dias de Ativismo

Os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres foram iniciados por ativistas no Instituto de Liderança Global das Mulheres, em 1991 e continua a ser coordenada anualmente pelo Centro para Liderança Global das Mulheres. É uma estratégia de mobilização de indivíduos e organizações, em todo o mundo, para engajamento na prevenção e na eliminação da violência contra as mulheres e meninas. Coordenada pela ONU Mulheres, tem apoio do ACNUR e de outras agências da ONU em todo o mundo.

 

Fonte: https://brasil.un.org/pt-br/105623-16-dias-de-ativismo-em-manaus-refugiadas-lgbti-realizam-cortes-de-cabelo-gratuitos-e-falam

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