ONU BRASIL: Mulheres Indígenas somam vozes à campanha “Nós, o Movimento”

Mulheres indígenas participantes do Acampamento Terra Livre 2021, em Brasília, somaram as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”, da ONU. Elas falaram sobre a importância dos povos indígenas e para a preservação ambiental.

A ONU Mulheres registrou depoimentos de cinco líderes dos povos Baré, Guajajara, Iny, Kaxuyana e Pankararu. As falas são uma colaboração à visibilidade das mulheres indígenas no processo para a COP 26, que acontece de 1 a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

Os conteúdos estão em sintonia com a campanha “Nós, o Movimento”, da ONU, com histórias de quem está fazendo sua parte em defesa do meio ambiente. A campanha tem como objetivo aumentar o diálogo sobre mudanças climáticas no Brasil e reforçar que o cuidado com os biomas está diretamente ligado a uma vida mais justa e saudável para todas as pessoas.

“Nosso papel como mulheres indígenas é discutir sobre a mudança do clima e a preservação do meio ambiente”, afirma Ângela Kaxuyana, integrante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).

Para ela, falar sobre preservação do meio ambiente é também falar sobre a vida dos povos indígenas, já que eles dependem diretamente da natureza.

“A vida dos povos indígenas é essencial para toda a humanidade, principalmente a vida das mulheres que estão na linha da frente para salvar a vida do seu povo, das crianças e dos anciões”, defende. “Nós temos tido papel fundamental durante séculos para manter o clima equilibrado e as florestas em pé”.

“A vida depende da manutenção da biodiversidade. Precisamos de água limpa, de solo fértil e das árvores em pé para garantir o nosso ar puro. Sem isso, a gente sobrevive?”, questiona Cristiane Pankararu, da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA).

A comunicadora do povo Iny, Narubia Werreira diz que o ativismo indígena está diretamente ligado à questão ambiental. “A nossa cosmovisão diz que somos parte da natureza. Para nós, a terra é a mãe que nos acolhe, sustenta e alimenta. Temos a obrigação de retribuir tudo isso, cuidando dela”, explica. E lembra que 80% da biodiversidade do planeta está nos territórios indígenas.

“Nós, povos indígenas, somos centrais nas discussões climáticas, porque o nosso modo de vida é um modo de respeito à natureza. Somos os guardiões das florestas que restam no mundo”, afirma a comunicadora.

Para Sônia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), os povos indígenas funcionam como grande barreiras ao agronegócio, ao avanço do garimpo ilegal e do desmatamento. “É uma causa que precisa ser abraçada por toda a sociedade porque é uma causa coletiva”, defende.

A engenheira florestal e mestranda em Direitos Humanos do povo Baré, Suliete Monteiro, concorda.

“Eu gosto de falar sobre território, que engloba educação, preservação do meio ambiente e saúde. Para nós, povos indígenas, território vai além. Tem a questão da espiritualidade. Somos territórios, fazemos parte do território. Somos um só. É importante que os territórios indígenas sejam preservados para que a humanidade continue respirando também”, afirma.