Lideranças indígenas avaliam que a expectativa de que Bolsonaro legalize o garimpo em Terra Indígena faz com que invasores se sintam legitimados

Centenas de garimpeiros estão atuando ilegalmente na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, desde dezembro do ano passado. A invasão ocorre na área que fica no município de Normandia, na fronteira com a Guiana. Os invasores utilizam grande estrutura de maquinaria, com escavadeiras e moinhos trituradores. Segundo as lideranças indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) avaliam que a ação está ligada a promessa do presidente da República, Jair Bolsonaro, de liberar o garimpo nas terras dos povos originários. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo as lideranças, o garimpo ilegal está provocando estragos ambientais, com a poluição de lagos e igarapés para lavagem de pedras, além de divisões internas, com o aliciamento e exploração de indígenas. O CIR afirma que os donos das máquinas são não indígenas e que o local já é cenário de prostituição, uso de bebidas alcoólicas e outras drogas. As lideranças também acusam que houve roubo de gado. A vegetação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol não é formada por florestas, permitindo a pecuária sem desmatamento.

O conselho informou que já protocolou denúncias nos órgãos competentes, mas nada foi feito. Como a região é de fronteira, o Exército é o principal agente do Estado na região.

A demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol foi realizada há 11 anos. Dois dos principais nomes do governo federal hoje foram inimigos declarados da medida: o presidente e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Bolsonaro se opôs à demarcação desde que era deputado federal. Em dezembro de 2018 declarou que iria rever a demarcação. As três cidades que formam a área votaram em peso em Fernando Haddad (PT).

No mês passado, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), aliado de Bolsonaro, esteve no garimpo ilegal, onde gravou um vídeo ao lado de indígenas que apoiariam a atividade. No filme ele diz que o garimpo “é um trabalho fabuloso, onde dezenas, centenas de famílias estão aqui tirando da terra o que Deus nos deu como herança”.

 

 

 

Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2020/02/terra-indigena-invadida-garimpo/

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