BRASIL DE FATO: PM assassinou idoso indígena no Sertão de Pernambuco, denuncia comunidade
Policiais foram à casa do idoso, em uma aldeia do povo Atikum, e o agrediram até a morte; lideranças acusam racismo
Maria Lígia Barros e Vinícius SobreiraBrasil de Fato | Recife (PE) | 17 de Junho de 2022 às 20:18
Na noite da última quarta-feira (15), três policiais militares da delegacia de polícia de Carnaubeira da Penha, sertão pernambucano, foram até a aldeia indígena Olho D’água do Padre e abordaram de maneira agressiva o idoso Edinaldo Manoel de Souza, de 61 anos, segundo testemunhas. Os policiais teriam perguntado por uma espingarda que o idoso supostamente teria, mas ele negou. Familiares relatam que os policiais o atacaram com socos e tapas, o idoso teria passado mal e falecido. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e Secretaria de Defesa Social (SD).
Nesta quinta-feira (16), cerca de 200 indígenas da comunidade Atikum saíram em caminhada até a delegacia de polícia da 191ª circunscrição, no centro de Carnaubeira da Penha. “Nosso povo foi fazer as reivindicações, pedir justiça. Isso não pode ficar impune”, diz Leonel Atikum em conversa com o Brasil de Fato. Ele conta que a família da vítima está com medo da Polícia Militar e evitando dar declarações. A comunidade está organizando a proteção deles.
Durante o protesto, a liderança Lucenildo Atikum afirmou que não aceitará Polícia Militar no TI Atikum, “só a Polícia Federal, como diz a Constituição. E, mesmo assim, só se estiverem acompanhados de representantes da Funai”, determinou o cacique.
Leonel conta que a polícia “já chegou de modo agressivo, perguntando de uma espingarda. Mas ele não tinha nenhuma arma”, diz o jovem. “Os três policiais pegaram ele no quintal e fizeram várias violências contra um idoso de 61 anos, pai de família, trabalhador, honesto”, diz Leonel. Um filho de Edinaldo e a esposa teriam presenciado os ataques. O idoso deixa esposa e três filhos.
“Ao responder que não possuía espingarda nenhuma, um policial deu um tapa violento no tórax da vítima, e quanto mais os policiais perguntavam e Edinaldo negava a propriedade de uma espingarda, mais ele apanhava”, diz a nota da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), com base no relato da esposa.
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