Uma pessoa da etnia Turiwara foi morta no sábado (24) e casa cultural foi queimada neste domingo (25)

Nicola Pamplona

RIO DE JANEIRO

O Ministério Público Federal investiga ataques contra indígenas da etnia Turiwara no Pará. No sábado (24), uma pessoa foi morta a tiros em uma emboscada em Acará (PA), a 115 quilômetros de Belém. Neste domingo (25), um incêndio destruiu a casa cultural de uma aldeia.

De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a região é palco de intensos conflitos envolvendo comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas e empresas produtoras de óleo de palma.

No sábado, um veículo com quatro pessoas foi alvejado por tiros disparados por homens que passaram em outro carro. Uma vítima morreu e três ficaram feridas.

Pedaços de pau que formavam uma casa espalhados
Área de casa cultural da comunidade indígena Braço Grande, em Tomé-Açu (PA), destruída após incêndio neste domingo (25) – Reprodução @elielsonsilva no Twitter

“Por pouco não fomos mortos, livramento de Deus mesmo”, disse um dos sobreviventes, Adenizio Turiwara, em vídeo divulgado pela candidata a deputada federal e secretária-geral do PSOL do Pará, Nice Tupinambá. “Nós abominamos essa tal prática de fazer Justiça com as próprias mãos.”

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará diz que equipes das polícias Militar e Civil foram enviadas para a região logo após o ocorrido para reforçar a segurança e investigar o caso.

Neste domingo um incêndio destruiu a casa cultural da comunidade indígena Braço Grande, na vizinha Tomé-Açu. O espaço era usado como ponto de encontro para a realização de danças e ensino da cultura indígena para crianças.

O Ministério Público Federal diz que está apurando os dois casos e afirma que, segundo denunciantes, os crimes teriam sido cometidos por empresa exploradora de dendê envolvida em conflitos na região.

Lideranças indígenas da região acusam a empresa BBF (Brasil Biofuels) pelos ataques. “De dez anos para cá, os únicos ataques que sofremos são dessa empresa”, diz o presidente da Associação Indígena Tembé de Tomé Açú, Paratê Tembé.

Em nota, a empresa disse lamentar os atos de violência noticiados, mas nega “de forma veemente” ter ligação com o atentado. Ela afirma ainda que não possui veículos vermelhos, como o que foi usado pelos pistoleiros.

A Brasil Biofuels diz que uma das vítimas tem envolvimento com crimes na região e que a polícia encontrou “grande soma em dinheiro e arma de fogo” no veículo alvejado. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do estado confirmou que havia R$ 100 mil e um revólver com as vítimas.

“A empresa reforça que entrará com medidas judiciais contra Paratê Tembé, que vem tentando associar de forma caluniosa o nome da BBF a esses fatos trágicos ocorridos nesta manhã, objetivando ações de terrorismo e vandalismo contra a empresa e seus funcionários”, afirmou.

Os índios Turiwara vivem na Terra Indígena Tembé, que ocupa uma área de mil hectares em Tomé-Açu. Segundo o Cimi, os dois povos reivindicam demarcação de área próxima à Terra Indígena Turé/Mariquita, também em Tomé-Açu.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/09/ministerio-publico-investiga-dois-ataques-seguidos-a-indigenas-no-para.shtml

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