Território possui 27.152 indígenas; Raposa Serra do Sol, em Roraima, aparece em segundo lugar
SÃO PAULO
Dados do Censo 2022 divulgados nesta segunda-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o território yanomami concentra o maior número de indígenas no país. São 27.152 pessoas, o equivalente a 99,82% da população residente na área.
Em seguida vêm a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, com 26.176 indígenas (99,23% da população residente) e a Terra Indígena Évare I, no Amazonas, que possui 20.177 indígenas (95,13% da população total).
Em todo o país, são 1.693.535 indígenas, de acordo com o IBGE. O número equivale a 0,83% da população residente no Brasil e está distribuído em 4.832 cidades.
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TERRA INDÍGENA YANOMAMI
Demarcada em um decreto de 25 de maio de 1992, na gestão do então presidente Fernando Collor de Mello, a Terra Indígena Yanomami (TIY) possui superfície de 9.664.975,48 hectares e perímetro de 3.370 km, sendo a maior reserva indígena do Brasil tanto em área quanto em população.
Ela está localizada nos municípios de Boa Vista, Alto Alegre, Mucajaí e Caracaraí, no noroeste de Roraima, e Santa Izabel do Rio Negro, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, no norte do Amazonas.
No Censo 2010, a TIY já aparecia como a mais populosa do país, com 25,7 mil indígenas. O relatório final do gabinete de transição de Lula (PT) divulgado em dezembro indicou que o território contava com 371 comunidades.
MAIS DE 150 MORTES DESDE JANEIRO
O território indígena passou por uma crise humanitária no início do ano, após uma explosão de casos de garimpo ilegal dentro do território durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Com isso, o presidente Lula declarou em janeiro uma emergência sanitária na região. Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a 21 de julho, foram registradas 157 mortes entre moradores da TIY: 107 no próprio território, 47 em hospital e três em local não informado.
Os óbitos ocorreram nos povos yanomami (127), sanumá (23), ye’kuana (3), xiriana (2) e xirixana (2), e as principais vítimas foram crianças de até 4 anos (48% dos casos).
Mais de 42% dos casos ocorreram em decorrência de doenças infecciosas, como pneumonia (35), diarreia (10), malária (11), tuberculose (3) e parasitose (1). Outra causa frequente de mortes foi a desnutrição. Foram 19 óbitos desde o início do ano.
O surto de malária —foram mais de 13 mil casos em sete meses— e a desnutrição estão no centro das ações do governo na região. Foram cinco ações em resposta ao surto desde 10 de fevereiro, e foram entregues 12.294,10 kg de alimentos na terra indígena.
INDÍGENAS NO CENSO 2022
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Ainda assim, no fim de julho, 29 crianças estavam sendo acompanhadas nos polos de Auaris e Surucucu por desnutrição moderada ou grave. Outras 46 estavam sendo atendidas na Casai (Casa de Saúde Indígena), em Boa Vista.
A persistência dos problemas foi apontada pela médica Ana Caroline Marques, que atua na região e, mais recentemente, pelo secretário de Saúde Indígena do governo Lula, Weibe Tapeba.
“Temos um cenário melhor do começo do ano para agora, uma diminuição [da malária e da desnutrição], mas é algo gradual e infelizmente ainda não conseguimos contornar a situação, vamos precisar de mais alguns meses”, disse Tapeba em entrevista à Folha em julho.
“As ações que nós realizamos até aqui foram emergenciais, sanitárias e humanitárias, para salvar vidas. Agora entraremos nas ações estruturantes”, complementou o secretário.
Na última semana, lideranças da região divulgaram um documento alertando para a situação. O relatório, elaborado pelas associações Hutukara, Wanasseduume Ye’kwana e Urihi, reporta o retorno de garimpeiros em algumas áreas e o aumento dos casos de malária.
O documento afirma ainda que a assistência humanitária falhou na logística de distribuição de cestas básicas e, por isso, a desnutrição permanece grave no território.
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