A intervenção artística exalta Cláudia Baré e Samela Sateré-Mawé, referências do movimento indígena no Amazonas

Na última semana, os voluntários e voluntárias do grupo de Manaus (AM) participaram da inauguração de uma obra de arte que mistura ativismo, memória e resistência. O grafite de 23 metros de comprimento foi pintado na avenida Djalma Batista, localizada na zona Centro-Sul de Manaus – uma das vias mais movimentadas da capital amazonense. Com essa ação, o grupo local busca fortalecer a luta dos povos indígenas pela demarcação de suas terras e homenageia as lideranças indígenas Cláudia Baré e Samela Sateré-Mawé.

Por trás de tanto talento e mobilização, estavam os artistas visuais Sarah Campelo, Cria e Kina Kokama, que passaram dez dias seguidos, ao lado dos voluntários do grupo de Manaus, empenhados na produção para que a finalização do mural saísse perfeita. 

Referência do movimento indígena amazonense, a professora Claudia Baré foi uma das homenageadas no mural pintado numa das principais avenidas de Manaus. Foto: Larissa Martins/Greenpeace

Entretanto, a arte e a homenagem não eram as únicas protagonistas da ação. O projeto também busca, desde sua idealização, fortalecer a mensagem #MarcoTemporalNão! Os voluntários e artistas se juntam a diversos outros atores que apontam a inconstitucionalidade da tese do Marco Temporal, marcada para ser julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) em junho e que vai definir o futuro das Terras Indígenas do Brasil. 

Essa tese afirma que apenas os povos indígenas que ocupavam seus territórios em 5 de outubro de 1988 poderiam requerer suas terras. Diversos especialistas e lideranças afirmam, no entanto, que esse pensamento ignora e desconsidera as inúmeras violências cometidas contra os povos indígenas em sua história, como massacres, remoções forçadas e genocídios. Além disso, vai contra o texto da Constituição Federal de 88, que diz em seu artigo 231 que os direitos dos povos indígenas são “originários”, ou seja, se aplicam até mesmo antes da formação do Estado Brasileiro, do País chamado Brasil. Por isso, a tese do Marco Temporal é muito criticada e só é defendida pela bancada ruralista e por quem tem interesse na exploração econômica de terras indígenas.   

“Esse mural é uma tentativa de diálogo, de colocar um assunto na pauta e gerar discussão na rua”, disse a artista visual Sarah Campelo. Foto: Larissa Martins/Greenpeace

De acordo com a artista visual Sarah Campelo – uma das idealizadoras do ato  – a ideia de abordar o Marco Temporal na intervenção artística vem da importância que o assunto possui para o futuro do Brasil. “Estamos na Amazônia e precisamos pensar nas consequências que a aprovação do Marco Temporal teria para nós, aqui no Norte do Brasil. Esse mural é uma tentativa de diálogo, de colocar esse assunto na pauta e gerar discussão sobre esse tema num espaço muito importante, que é a rua”, explicou Sarah.

O mural fica na zona Centro-Sul de Manaus e possui 23 metros de comprimento por 4,5 metros de altura. Foto: Larissa Martins/Greenpeace

O lançamento do mural também dialoga com as discussões que vão ocorrer na 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), que ocorre esta semana em Brasília (DF) e que tem como tema “Retomando o Brasil: demarcar territórios e aldear a política”. O acampamento vai denunciar a omissão do poder executivo no reconhecimento e demarcação de terras indígenas, além de estimular o debate sobre a importância da participação de representantes indígenas no fortalecimento da democracia brasileira.Play#Florestas

Fonte: https://www.greenpeace.org/brasil/blog/voluntarios-e-artistas-homenageiam-liderancas-indigenas-com-mural-gigante/

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