A visita ocorreu terça feira (13), juntamente com a equipe do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Os visitantes foram recepcionados pelo Grupo de Proteção, Vigilância Territorial Indígena (GPVTI), e em seguida com a tradicional dança do parixara.

A Terra indígena Serra da Moça, fica na região Murupu, distante da capital cerca de 60 km, abrange as comunidades indígenas Morcego, Serra da Moça e Serra do Truaru.  Um território demarcado em ilhas, rodeada de fazendas com plantações de soja. O plano de gestão territorial e ambiental ou plano de vida, foi construído em 2013 e revisado em 2024, junto com os moradores da comunidade, nele consta o fortalecimento das práticas agrícolas, pecuária, conservação do território e do meio ambiente.

Visitaram as comunidades indígenas Morcego, Anzol, serra da Moça e Serra do Truaru, onde são desenvolvidos projetos de piscicultura, produção agrícola, brigada comunitária e corte e costura, ações que dão autonomia aos povos indígenas. A Comunidade Anzol, apesar de fazer parte do PGTA Serra da Moça, há anos luta pela demarcação do seu território.

 O primeiro local a ser visitado foi a futura base da brigada comunitária, na comunidade Serra da Moça, incluída no PGTA, na revisão do plano, o local apresentado aos visitantes pelo brigadista Bruno Eduardo. A arquitetura e a obra foram feitas pelos moradores, cada um tem a sua marca na base.

“A construção faz parte da parceria do Cir, comunidade e demais apoiadores um sonho que aos poucos está saindo do papel e vai fortalecer as ações de prevenção e combate as queimadas, assim como a proteção do território e vai ajudar as comunidades próximas”, ressaltou Bruno.

Plantação dos  pés de moringa, simbolizando o fortalecimento da parceria entre as instituições  Fotos: Ascom /Cir 

Para simbolizar o momento, Sinéia do Vale, coordenadora do DGTAMC e Alex Araújo, responsável pelo programa povos indígenas da USAID, plantaram pés de moringa, em frente a base.  A planta é resistente a seca e também utilizada na medicina tradicional.

Em seguida os visitantes conheceram a roça do projeto do PGTA, na comunidade Morcego, a recepção foi feita liderança, Lenice Nagelo, do povo Wapichana. A moradora conta que devido a forte seca e a praga de lagartas, as produções de maniva foram perdidas, a terra foi preparada para um novo cultivo, mas, não deu certo, a falta de água é um problema e após o inverno deve aumentar ainda mais.

“A roça é bem grande, plantamos maniva, mas, perdemos tudo, com a seca e a lagarta, a terra é muito quente, e a água não chega até aqui, para conseguimos uma boa produção, é preciso fazer o cultivo irrigado, um poço artesiano resolveria o problema, ressaltou Wapichana.

Assim como as demais comunidades que fazem parte da terra indígena Serra da Moça, Morcego é rodeada de fazendas com plantações de soja.

Outro local visitado foi Anzol, um local que luta há anos pela demarcação do território e resiste em meio aos desafios. Por lá, funciona o projeto de captação de água que utiliza energia sustentável, e auxilia no cultivo de alimentos garantindo a sustentabilidade da comunidade e preservação do meio ambiente.

A iniciativa foi explicada pelo engenheiro agrônomo Giofam Erasmo, que acompanha o projeto desde o início.

“A alternativa utilizada no projeto para captação de energia e o funcionamento do sistema de irrigação é o sol. São 8 placas solares instaladas para a geração de energia, utilizada, prioritariamente, para irrigação de roças comunitárias, é usada uma bomba de 220 que fica atrelada ao poço, o sistema é simples e o resultado é positivo”, afirmou Erasmo.

 Quem gostou da visita foi a liderança tradicional Arão Almeida, ele enfatizou a luta pela demarcação da comunidade que tem aproximadamente 2 mil hectares, e agradeceu pela implementação do PGTA, mesmo o território não sendo demarcado e afirmou que a o apoio dos parceiros tem ajudado a minimizar as dificuldades local.

“Nós trabalhamos sem degradar o meio ambiente, com sistema de irrigação que usa energia solar, que traz benefícios para todos, e isso é muito importante, fico agradecido pela iniciativa e espero que outras comunidades sejam beneficiadas”, pediu Almeida. 

Parte dos projetos desenvolvidos por meio do PGTA  Fotos: Drone Giofam Erasmo -DGTAMC

Já na comunidade Truaru, o projeto de Psicultura criado em 2019, tem se desatacado, a criação é de tambaqui, o projeto tem quatro tanques, e funciona por etapas conforme os peixes vão crescendo eles são repassados de um tanque para o outro, até chegar no período certo para consumo, que dura em média 8 meses.

Além da segurança alimentar, a produção de peixe também ajuda na economia local, os pescados são vendidos dentro da própria comunidade, como explicou Jozicley Alves, responsável pelo projeto.

“Foi importante a implantação do PGTA, para termos alimentos saudáveis, sem contaminação de agrotóxico, e podemos comercializar aqui mesmo na nossa comunidade e com os parentes dos locais próximos”, explicou Jozicley Alves, responsável pelo projeto.

Ele recordou ainda que na última despesca veio um tambaqui de três quilos, e que  a escavação do açude, as telas de proteção, ração e a compra dos alevinos, foram possíveis graças ao apoio da USAID.

Na comunidade Serra da Moça, além da produção sustentável de feijão, farinha, melancia, milho, macaxeira e mandioca, outro ponto forte são as produções de artesanatos e corte e costura das mulheres, além de roupas, são feitos tapetes, bolsas de crochês e ecobergs com grafismos indígenas. Parte do recurso com as vendas dos produtos vai para as mulheres e a o restante para compra de mais materiais.

Dona Valdélia da Silva , mostrou os produtos e ressaltou a importância da atividade voltadas para as mulheres da comunidade. “É uma forma de fortalecer nas mulheres, aqui aprendemos umas com as outras, trocamos sabres e isso é muito importante”, concluiu.

A visita durou o dia inteiro, todos os resultados dos projetos apresentados fazem parte do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), da T.I Serra da Moça, prática passada de geração em geração, que garante a gestão do território mantendo viva os costumes e as tradições,

Para o tuxaua da comunidade Serra da Moça, Alexssandro das Chagas, a visita da equipe da USAID e IEB a terra indígena, demonstrar o compromisso dos parceiros com os povos indígenas, e apresentar os resultados positivos dos projetos é uma maneira de agradecer pelo apoio na implementação e gestão dos planos de vida.

“Pra nós é uma grande conquista ter o PGTA construído e os projetos que constam lá em execução e receber os apoiadores aqui é importante para que eles vejam tudo isso, e quem saber fortalecer ainda mais a parceria”, expressou o tuxaua.

O  primeiro plano de vida da T.I  foi construído em coletividade pelas comunidades indígenas, com a assessoria do Conselho Indígena de Roraima (CIR), por meio do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental (DGTA). Teve a  finalidade de evidenciar  o modo de vida dos povos indígenas, os planos e ações pensados na valorização da cultura, e na gestão territorial e ambiental do local.

Conforme Sineia do Vale, coordenadora do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC), a visita possibilitou vê de perto os projetos desenvolvidos, que chegam aos parceiros por meio de demandas.

É muito gratificante vê tudo isso, as demandas que eles têm feito para gente por meio do plano de vida, são atendidas com ajuda dos parceiros, então eles aqui no território, podem conversar com as lideranças e vê a história de sucesso dos planos, mas, também dos desafios que a gente enfrenta para implementação, como a falta de água, ações como a construção de estruturas que não pode ser feita pelos projetos, esse é um momento também der se repensar em como ajudar as implementações que o projeto não abrange”,  considerou Sineia.

 A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), tem desempenhado um papel importante na implementação dos PGTAS das terras indígenas, juntamente com Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto Terra Brasilis (ITB) e Operação Amazônia Nativa (OPAN), nas ações de  fortalecimento nas áreas de monitoramento territorial, comunicação indígena, juventude, mulheres, departamento jurídico e demais, por meio do projeto “Nossa Terra Nossa Mãe”, com planejamento de atividades durante cinco anos.

 A parceria da USAID com os povos indígenas de Roraima, já dura já décadas finalidade é continuar apoiando a construção dos PGTAS, como explicou Alex Araújo, representante da USAID, responsável pelo programa povos indígenas. “Nós estamos começando o projeto agora “Nossa Terra Nossa Mãe”, um projeto de cinco anos é um trabalho muito importante que nos vamos continuar apoiando, está contribuído para preservação da biodiversidade da Amazônia, para o bem viver dos povos indígenas de Roraima, a ideia é continuar fortalecer os trabalho que os povos indígenas já fazem ao longo dos milênios”.

Sobre a visita, Alex reforçou que foi gratificante conhecer de perto o resultado da parceria de longa data, “Muito feliz de estar aqui e de poder ver o resultado da parceria de longa data, o apoio foi importante pois possibilitou que os sonhos saíssem do papel, implementando os projetos, podendo vê as crianças felizes, as famílias com comida na mesa o território seguro e o meio ambiente conservado, foi muito gratificante a visita”, refletiu Alex.

 PGTA ou plano de vida da T.I Serra da Moça Fotos: Ascom/Cir.

A visita a terra indígena, reflete a importância do apoio de parceiros como a USAID, na valorização, proteção dos territórios e direitos dos povos indígenas.  E principalmente fortalecer os projetos desenvolvidos nas comunidades.

Para finalizar a atividade, a equipe visitou a sede do Conselho Indígena de Roraima (CIR), conheceram os departamentos e a equipe da instituição. Tuxaua Geral do CIR, Edinho Batista, falou sobre as ações desenvolvidas pelos departamentos junto as comunidades e aproveitou a ocasião para agradecer a visita e a parceria da USAID e IEB.

A visita mostrou como o CIR está estruturado, as necessidades e os desafios enfrentados para manter o legado. Edinho, explicou que a principal a luta dos povos Indígenas de Roraima é a demarcação do território, citando as 22 terras indígenas com pedido de ampliação, sendo 04 judicializadas e pendente de demarcação T.I  Arapuá, Anzol, Lago da Praia e Pirititi. ” A nossa batalha nesse momento é a luta pela defesa da nossa vida, do nosso território”, frisou Edinho.

Cloud Correia, reforçou que o IEB é um parceiro de décadas do Cir, começou com o projeto ” Bem viver ” e agora por meio do projeto “Nossa Terra Nossa Mãe” junto a USAID e demais parceiros, para fortalecer a gestão do território e a luta pelos direitos indígenas. ” Toda a visita foi satisfatória, quero dizer que a gente vem construindo essa parceria de anos e a USAID vem para somar tudo que já está sendo desenvolvido nos territórios indígenas, juntamente com a OPAN, ITB. Serão cinco anos de empenho para que os resultados sejam de sucesso”, concluiu Cloude.

Fonte: https://cir.org.br/site/2024/08/15/terra-indigena-serra-da-moca-recebe-equipe-da-usaid-para-acompanhar-implementacao-do-pgta/

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