Na Assembleia Geral da ONU, presidente brasileiro ataca a mídia, mente sobre áreas florestais e ambição climática, e exalta manifestações antidemocráticas
Durante o encontro, que aconteceu na manhã desta terça-feira (21), Bolsonaro retratou um Brasil que não existe. Além de afirmar que o desmatamento diminuiu, o presidente declarou que o país possui áreas florestais intactas desde a época da colonização, 66% de acordo com ele, e que a demarcação de terras indígenas é suficiente para os povos originários.
No entanto, hoje as terras indígenas demarcadas somam apenas 13,8% do território brasileiro e o desmatamento na Amazônia bate recordes sucessivos em seu mandato. Já a área florestal brasileira é de menos de 60%, e é formada também por florestas plantadas.
Isso significa que não estamos em um país com florestas primárias e intactas, mas sim, com uma política conivente com as altas taxas de desmatamento e com a grilagem. Segundo dados do sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), este é o terceiro ano seguido em que o desmatamento ficou acima de 6.000 km no período de janeiro a agosto, processo que exacerba as alterações climáticas em todo território brasileiro.
O presidente também defendeu mobilizações antidemocráticas que aconteceram recentemente no Brasil e afirmou que a mídia distorce fatos. Único mandatário a discursar sem estar vacinado, Bolsonaro insistiu em defender o tratamento inicial para o Covid-19, ignorando, mais uma vez, o que diz a ciência e as autoridades da saúde.
Ao enaltecer a contribuição feita ao Acordo de Paris, que na realidade é mais fraca do que a que a antecede, sua fala desconsidera os subsídios que seu governo tem dado à indústria do carvão e de como tem desacreditado a crise do clima. Hoje o país sofre um risco de apagão resultado das más escolhas energéticas da gestão, que prioriza uma matriz energética suja e mais cara.
“Apagão, desmatamento, grilagem, fome, crise do clima, e violação de direitos. É essa a real descrição do Brasil que vivemos”, critica Fabiana Alves, coordenadora da campanha de Clima e Justiça do Greenpeace.
Aliado às decisões equivocadas e autoritárias de Bolsonaro, está o Congresso Nacional, principalmente na figura de Arthur Lira, presidente da Câmara, que passa a boiada contra o meio ambiente e populações tradicionais para atender as vontades do setor agrário, excluindo a sociedade do debate democrático.
Os resultados são a pressa em aprovar vários projetos de lei que vão resultar em mais desmatamento, mais violência e na intensificação da emergência climática. Entre eles, o PL 490, que avança contra a demarcação e favorece exploração de terras indígenas, o PL da Grilagem, o PL do Licenciamento Ambiental e o pacote do veneno.
Esse é o quadro anti-democrático do Brasil, governado com único e exclusivo objetivo de atender às vontades de quem tem mais dinheiro, e dos poucos aliados políticos do presidente da República.
O discurso de abertura da ONU feito por Jair Bolsonaro é fantasioso e antidemocrático, além de avesso ao mundo necessário pós-Covid que os principais líderes globais buscam construir. A realidade do país é sombria e muito distante do país das maravilhas vendido por ele.
Fonte: https://www.greenpeace.org/brasil/blog/jair-bolsonaro-no-pais-das-maravilhas/
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